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     PRÉ - ESCOLAR                                                                                                                                                                     

Repensar os direitos dos animais é preciso

Janeiro de 2020

Os alunos do Pré-escolar estão preocupados com as agressões constantes ao ambiente. E decidiram intervir através da arte!

A educadora Gláucia tem na sua sala, desde o ano letivo passado, um aquário com dois peixinhos que passaram a ser verdadeiros companheiros no dia a dia e a encantar os meninos do seu grupo, assim como os meninos das outras salas quando foram convidados para os visitar. 

Mais tarde, a educadora Paula trouxe para a sala um coelho “batizado” pelos meninos como “Fofo” que também foi visitar as restantes salas do Jardim de Infância, enternecendo todos com a sua presença. Os meninos da sala 1 aguardam ainda, pacientemente, a vinda do Pai Natal, para lhes trazer um aquário com peixinhos. 

Já a educadora Alda, além de um aquário com peixinhos que tem na sala desde o ano passado, trouxe agora uma tartaruga, que as crianças batizaram como ‘Tiga’ e com a qual estabeleceram rapidamente uma relação de afeto. 

O interesse, a curiosidade e o entusiasmo das crianças por estes animais estavam naturalmente criados. Coube às educadoras tirar partido pedagógico destes “encontros felizes”, que constituíram uma verdadeira oportunidade para educar valores e atitudes de respeito pelos animais. 

Questionar as crianças sobre os deveres que temos para com os animais na sua ligação com os seus direitos…fazer pensar individualmente e em situação de grupo foi a estratégia seguida e não foi difícil…porque, nestas crianças, a semente da motivação já começava a germinar! Era importante regar e cuidar dessa semente para que o gosto e o desejo de respeitar e aprender pudessem crescer fortes e saudáveis. 

 

Cuidados e afetos 

 

A meio do primeiro semestre perguntámos às 31 crianças (de 5 e 6 anos) da EB Artur Alves Cardoso que deveres e cuidados devemos ter para com os animais, por que razão são os animais importantes na vida das pessoas, tendo depois procedido à categorização das respostas, tais como:  

Afetos: “Dar abraços…”, “Não dar chapadas, nem pontapés aos animais”, “Não assustar”, “Não gozar com os animais”, “Dar festas e beijinhos” “Devemos ser jeitosos para os animais…eles são muito queridos”, “Dar carinho”. 

Alimentação:“Temos de lhe dar água e comida”, “Dar comida boa”, “Dar comida aos animais para não morrerem…”. 

Proteção da saúde e integridade física: “Não matar os animais”, “Não sentar em cima dos animais…”, “Não os deixar sozinhos e, quando estão doentes, devemos levá-los ao hospital”, “Temos que ter cuidado para não atropelar os animais quando vamos a olhar para o chão”, “Não apertar-lhes o pescoço”, “Não os abandonar”. 

Higiene: “Escovar os cães”, “Cortar as unhas aos animais”, “Dar banho” 

Ambiente/bem-estar dos animais: “Não pôr fogo nas florestas”, “Não deitar abaixo as árvores”, “Não jogar lixo no chão porque os animais ficam sem ar e morrem”, “Não deitar lixo no mar, senão os animais morrem porque não conseguem respirar”. 

Relativamente à segunda pergunta, foi identificada a categoria Afeto/Companhia: “Para dar miminhos e festinhas”, “Dão-nos amor”, “Podem fazer amizade connosco”, “Os animais podem acalmar e relaxar”, “Para ficarmos contentes”, “Para fazer a vida mais feliz”, “Os animais são bonzinhos para nós” “Para fazer companhia às pessoas”, “Para brincar com as pessoas”, “Para ir passear”. 

 

Consciência e debate 

 

Analisando as respostas das crianças à luz da Declaração Universal dos Direitos dos Animais verifica-se a presença de uma consciência relativa a esses direitos, designadamente em termos dos cuidados que merecem e deveriam ter. Alguns dos direitos foram apresentados às crianças e serviram de base a um debate. 

Procedendo à análise das categorias identificadas, destacamos a de Ambiente/bem-estar dos animais pela pertinência do seu conteúdo: “Não pôr fogo nas florestas”, “Não deitar abaixo as árvores”, “Não deitar lixo no mar, senão os animais morrem porque não conseguem respirar” representaram uma oportunidade para debater as questões ambientais na sua ligação com os direitos dos animais.

 

Inspirada nas ‘sábias’ opiniões das crianças, iniciou-se a construção de uma maquete a partir de materiais ocasionais. Esta experiência de relação e interação com diferentes animais no contexto sala e posterior questionamento pelas educadoras representou, para as crianças, um momento de debate, partilha, pensamento crítico, afeto, empatia, comunicação, entreajuda, autonomia e aprendizagem tendo sempre, por base, o respeito que a vida dos animais nos merece! 

É preciso estarmos cientes que as crianças têm uma opinião à medida do seu entendimento e das suas conceções, uma opinião que não deixa de ser um desafio à consciência dos adultos e uma mensagem de alerta para o mundo! Basta saber ouvi-las!  

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